Então, Almitra disse: "Fala-nos do Amor".
E ele ergueu a fronte e olhou para a multidão,
e um silêncio caiu sobre todos, e com uma voz forte, ele disse:
"Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele
vos crucifica. E da mesma forma que ele contribui
para vosso crescimento, trabalha para vossa poda.
E da mesma forma que ele sobe à vossa altura
e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
e as sacode no seu apelo à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor a vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
no pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
para que conheçais os segredos de vossos corações e,
com esse conhecimento, vos convertais no pão místico
do banquete divino (...) "
Trecho do livro: " O Profeta"
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