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sexta-feira, 22 de junho de 2007

O PERIGO DA MISTURA

Em especial no século XX o Senhor derramou grandemente seu Espírito sobre a terra, gerando avivamentos em diversos lugares e despertando sua Igreja. As conversões e as grandes campanhas cresceram rapidamente. A Igreja como organismo, cresceu e se fortaleceu. Por outro lado, também neste mesmo período cresceu assustadoramente o surgimento de seitas e heresias. Muitas delas geradas e/ou semeadas dentro dos próprios avivamentos levantados por Deus.
Podemos destacar como um dos marcos dos avivamentos do século XX o avivamento da Rua Azuza em Los Angeles, Eua (1906). Este movimento foi a eclosão do que Deus iniciara anos antes através de Charles Parham em Topeka, Kansas, com cerca de 40 estudantes apenas.
Na ocasião, a Igreja formal estava secularizada e preocupada em engrandecer pessoas, baseada mais nos homens do que no Espírito Santo. O avivamento da Rua Azuza veio como um furacão, quebrando estruturas e transformando a forma do culto, como Deus já vinha fazendo também no País de Gales através de Evan Roberts e Jessi Penn-Lewis.
Resumindamente, o que a Igreja testemunhou naqueles dias na Rua Azuza foi:
Quanto à estrutura:
· Local simples e rústico (auditórios, prédios velhos e/ou semi-destruidos);
· Não havia classe sacerdotal - hierarquia - o pastor era igual a todos;
· Não havia púlpito e/ou palco;
· Não havia coral, orgão ou coletas;
· Não havia instrumentos musicais nem hinários - apenas cânticos espirituais;
· Obreiros preparados durante anos no trabalho missionário, tinham vidas queimadas, provadas e preparadas - veteranos;
Quanto à forma da reunião:
· Abertas;
· Sem horários rígidos - hora para acabar, sem interrupções, noite e dia;
· Informais, sem uma sequência fixa, preparação prévia ou programa pré-estabelecido que necessitasse ser "empurrado" - entretanto não havia confusão no culto;
· Testemunhos, louvores e orações espontâneas;
· Quase não havia tempo para os avisos necessários;
· Sentavam-se formando um quadrado, olhando uns para os outros;
· Buscavam mais a transformação das vidas do que a conquista de multidões;
· Não era um lugar para manifestações emotivas, nem ataques ou vazão de sentimentos negativos;
· Na sala de oração estava escrito "É proibido falar alto; sussure apenas".
Quanto ao clima:
· Convicção do pecado e arrependimento - temor;
· Pessoas quebrantadas - até mesmo na rua, sem apelos;
· Intercessão contínua pelo avivamento - vida de oração;
· Na reunião iam encontrar-se com Deus - não era um evento social;
· Quando chegavam à reunião, evitavam ao máximo cumprimentar e conversar uns com os outros. Queriam primeiro chegar-se a Deus;
· O batismo acontecia deliberadamente;
· Não havia acepção de de pessoas - ricos e cultos eram tratados iguais aos pobres e ignorantes;
· Não havia espaço para orgulho, auto-afirmação, soberba ou auto-estima;
· Tinham consciência da sua pequenez, do nada saber, do nada possuir, a não ser o que o Espírito lhes ensinava e inspirava;
· Não ostentavam as suas boas-obras, para que elas não tornassem-lhes uma armadilha.
Quanto ao conteúdo da pregação:
· O Amor e a pessoa de Cristo era a ministração: Jesus é tudo em todos;
· Não havia palavra indelicada contra os inimigos ou contra outras igrejas;
· Não defendiam com discursos nem a si mesmos nem seus trabalhos.
Jonathan Edwards, um dos maiores teólogos de avivamento de todos os tempos, dizia que um mover de avivamento pode ser diluido, desfigurado, ou até invadido pelas forças contrárias do pecado e de Satanás. Ele cria que a estratégia principal de satanás contra os avivamentos era injetar elementos espúrios para descaracterizar o movimento. Como dizia James Edwin Orr, autoridade máxima sobre avivamentos, em todo despertamento, o primeiro a acordar é o diabo.
Em sua obra de 1746, entitulada "Tratado sobre afeições religiosas", Edwards diz:
"É pela mistura da religião falsificada junto com a verdadeira, quando não discernida e não distinguida, que o diabo tem sua maior vantagem contra a causa e o reino de Cristo. Podemos observar que é uma tática comum do diabo levar um avivamento de religião a extremos; quando percebe que não dá mais para segurar as pessoas e mantê-las quietas, então as instiga a excessos e extravagâncias...Embora tente com a máxima diligência levantar inimigos declarados de religião para fazer oposição, ao mesmo tempo sabe que numa época de avivamento, sua maior força será através dos amigos do movimento; e seu esforço maior será no sentido de enganar e desvia-los do verdadeiro alvo. Uma pessoa genuinamente zelosa pode fazer mais para impedir a obra, do que cem oponentes fortes e declarados."
Estes extremos a que se refere Edwards, foram vistos no final da década passada em Toronto, onde as pessoas eram tomadas por comportamentos contagiosos, ora rindo compulsivamente, ora latindo como cachorros, piando como aves ou ainda rugindo como leões, em pleno culto. Em despertamentos espirituais como esse, onde aspectos tão extravagantes se apresentam, o evento local torna-se tão estranho nas suas práticas que os não convertidos (que são o seu objetivo maior) acabam sendo espantados para longe. Edwards dizia que o verdadeiro avivamento ou movimento de Deus deveria precisamente tocar o íntimo do coração do homem. Este toque pelo Espírito Santo geraria afeições (motivações motrizes que informam e dirigem a mente e a vontade) que procedem do amor pelo próprio Deus, não apenas de gratidão pelas suas dádivas. Haveria também de surgir mais segurança e certeza à fé, acompanhadas por humildade, transformando nossa natureza, produzindo um espírito manso e bondoso e uma grande sensibilidade em relação ao pecado, culminando na necessidade prática da caridade cristã.
Em Amós 8:11 diz que chegará o dia em que Deus enviará fome sobre a terra, não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Cremos que esses dias chegaram. O nosso adversário se levanta nestes dias para oferecer um alimento espiritual falso, a fim de saciar a fome dos homens. Entretanto, esse alimento ao invés de saciar, sufoca e envenena. Conforme dizíamos no início, caminhamos agora para o acirramento do conflito, segundo descrito no livro do Apocalipse. Como soldados, devemos nos preparar para o desfecho que se inicia.

Olhando o momento atual sob este prisma, fica-nos mais fácil entender por que:
· Nestes dias, o levantar da Igreja verdadeira/gloriosa, será acompanhado pela Igreja falsa (Apocalipse 17:5 e 18:4);
· O evangelho (a verdade) será pregado por todo o mundo, ao mesmo tempo que espíritos enganadores (a mentira) surgirão para enganar a muitos (Mateus 24:14 e 1Timóteo 4:1);
· O coração dos pais se converterá aos filhos, ao mesmo tempo que muitos filhos se tornarão desobedientes e ingratos aos pais (Malaquias 4:6 e 2 Timóteo 3:1-3);
· O ministério da reconciliação confiado à Igreja crescerá em meio as inúmeras divisões denominacionais no corpo (2 Coríntios 5:18);
· O crescimento e a colheita do trigo se dará no meio do crescimento do joio (Mateus 13:25)

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