Google
 

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

DOUTRINA DA SALVAÇÃO

Salvação é palavra de profundo significado e de infinito alcance. Muitos têm uma concepção muito pobre da inefável salvação consumada por Jesus, o que às vezes reflecte uma vida espiritual descuidada e negligente, onde falta aquele amor ardente e total por Jesus, e a busca constante de sua comunhão.

Em Efésios 6, quando o apóstolo discorre sobre a armadura de combate do soldado cristão, fala do capacete da salvação (v.17). O capacete cobria totalmente a cabeça, protegendo-a. Isso fala da plenitude do conhecimento e da experiência da salvação.

Salvação não significa apenas livramento da condenação do Inferno. Ela abarca todos os actos e processos redentores e transformadores da parte de Deus para com o homem e o mundo através de Jesus, o Redentor, nesta vida e na outra.

Salvação é o resultado da redenção efectuada por Jesus. Redenção foi o meio que Deus proveu para livrar o homem dos seus pecados. Salvação é o usufruto desse Livramento. No sentido comum e limitado, Salvação significa a obra que Deus realiza instantaneamente no pecador que a Ele se entrega, perdoando-o e regenerando- o. Porém, a Salvação tem sentido e alcance muito mais vasto. Assim considerada, significa o pleno livramento da presença do pecado e suas consequências, o que somente ocorrerá na glória celestial. Nesse sentido, a Salvação alcança também outras esferas além da humana (Cl 1: 20).

A Salvação foi planejada por Deus Pai (Ap. 13: 8 e I Pe. 1: 18-20). Deus Filho consumou-a (Jo 19: 30 e Hb 5: 9). O Espírito Santo aplica-a ao pecador (Jo 3: 5; Tt. 3: 5 e Rm. 8: 2). Tudo por graça (Ef. 2: 8).

Milhares de filhos de Deus são hoje salvos por Jesus, mas ainda não examinaram detalhadamente a sublimidade desta salvação em seus dois sentidos: objectivo e subjectivo. A Salvação que Jesus efectuou no Calvário é tão rica, profunda e grandiosa que somente na outra vida é que começamos a entender de facto o sei infinito alcance. Quando as eras futuras começarem o seu curso na glória celestial, começaremos a compreender as riquezas infinitas desta Salvação em Jesus Cristo (Ef. 2: 7; 3: 8).

Vejamos a salvação em si, do ponto de vista objectivo, considerando Deus como doador e o homem como o recipiendário. Nesse sentido, ela tem três aspectos, todos simultâneos: justificação, regeneração e santificação. Uma pessoa verdadeiramente justificada é também regenerada e santificada.


Justificação


Justificação é um termo judicial. Fala de quebra da Lei (I Jo. 3: 4). Ele é o acto de transformação ou mudança de estado do pecador, perante Deus, operada por Ele mesmo. A justificação tem carácter exterior. Deus é o juiz, Cristo é o advogado e o homem, o réu. A transgressão da Lei de Deus é o pecado cometido.

O resultado da justificação na vida do novo crente é a mudança de posição perante Deus. De condenado que era, o homem passa a justificado. Na justificação, o homem entra em boas relações com Deus quanto às suas leis, pois Ele é justo (Rm. 5: 1; 8: 1-4). A justificação é um acto divino fora do indivíduo, enquanto a regeneração ocorre no interior da criatura.

É muito maravilhoso o modo como Deus providenciou e efectua a nossa justificação. A justiça de Cristo é creditada à nossa conta espiritual (Rm. 3: 24-28). Romanos trata desse assunto de modo completo e majestoso.

Para a nossa justificação: a)Deus, em sua graça, colocou Seu Filho em meu lugar, e, na cruz, transferiu minhas culpas e crimes para ele; b)Jesus morreu voluntariamente por mim; c) Eu preciso aceitar, por fé, este único método divino de justificação do ímpio (Rm. 4: 5), confessando a Jesus como meu Salvador (Rm. 10: 9).

Assim, sem ultrajar sua perfeita justiça, Deus justifica o ímpio (aparentemente um absurdo), substituindo o culpado pelo inocente (Cristo), transferindo minhas culpas para Ele. Deste modo, Deus proveu a justificação para mim e para ti, mediante substituição e transferência, tudo por Cristo. Legalmente, não deveria haver misericórdia para com o culpado. Deveria ele ser punido. Porém, em virtude do sacrifício de Cristo, Deus, o Justo Juiz, faz justiça, perdoando o penitente que a Ele vem com fé. Assim, essa justificação por Jesus só é efectivada na vida do pecador que o aceitar como seu Salvador. Somente aceitando Jesus o pecador entra no plano divino para Sua Salvação.

Vê-se, assim, que, no sentido bíblico, justificar é mais do que perdoar. O perdão remove a condenação do pecado, e a justificação nos declara justos. Um juiz terreno ou chefe de Estado pode perdoar um criminoso, mas não pode colocá-lo nunca em posição igual à daquele que nunca transgrediu a lei. Mas o nosso Deus pode e faz isso. Deus tanto perdoa o pecador, como justifica-o. Isto é, trata-o como se nunca tivesse pecado! Aleluia ao Trino Deus! E tal facto ocorre no momento em que o pecador arrependido aceita Jesus como seu Salvador pessoal. Aqui no mundo, um criminoso nunca mais receberá a consideração de justo por parte dos seus semelhantes, mas Deus declara justo o pecador que Ele justificar. Sim! "Justificado!" – é o veredicto divino. Quem pode agora nos condenar se é Deus quem nos justifica? (Rm. 8: 33-34). Aleluia!

Como é possível um Deus justo justificar um ímpio? (Rm. 4: 5). Já tentámos explicar: substituindo o culpado pelo inocente, o pecador pelo justo, e transferindo a culpa de um para o outro. Foi o que aconteceu no Calvário. Não foram os soldados romanos que levaram Jesus ao Calvário e o ocasionaram sua morte, mas os meus e os teus pecados. Sua vida não foi tomada. Ele a deu como sacrifício para nos redimir.

É evidente que justificar é mais do que perdoar. Pela justificação o crente é declarado justo. A origem da justificação é a graça de Deus (Rm. 3: 24 e Tt. 3: 7). A base da justificação é o sangue de Jesus (Rm. 5: 9). O meio da justificação é a fé que vem por Jesus (Rm. 3: 28; 5: 1).


Regeneração


Regeneração é um termo relacionado à família. Tem a ver com a nossa inclusão na família divina. É o acto interior operando na alma, pelo Espírito Santo. É a nova vida em Cristo, o novo nascimento. Sendo regenerado pelo Espírito Santo, o crente é filho de Deus. O lado externo da regeneração é a conversão, isto é, aquilo que o mundo vê ou percebe. Conversão é a mudança externa da pessoa, seu procedimento resultante da regeneração, a qual é a mudança interna na alma. A regeneração é a causa a conversão o efeito. Há um sentido em que a conversão não é total /Mt. 18: 3; Lc. 22: 32; Tg. 5: 19).

O que ocasiona a regeneração não é a justificação, mas a comunicação da vida de Cristo. A justificação é imputada; a regeneração é comunicada. Justificação tem a ver com o pecado; regeneração, com a natureza. Justificação é algo feito a nosso favor; regeneração é algo operado em nós.

O resultado da regeneração é a mudança de condição – de servo do pecado e do Diabo para filho de Deus (Jo. 1: 12, 13; 3: 3; Tt. 3: 5). Pela regeneração o crente é declarado filho de Deus.

Autor: António Gilberto

Nenhum comentário: